quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Aborto de anacéfalos.


Eu tava pensando comigo mesma sobre esse assunto e cheguei em algumas conclusões. Achei interessante esse tema abordado em uma matéria que li por ai, tentei concretizar algum pensamento em palavras. O tema em pauta é bastante polêmico por ser a vida o objeto jurídico,porém afirmo que não é sensato adentrarmos na confusa discussão sobre quando é que uma célula pode ser considerada, por si só, um ser vivo que já possuí um certo grau de independência e por isso merecendo respeito a seus direitos que, em parte, são equiparados a de um ser humano. Ora, visto que a razão humana e suas conseqüentes ciências não nos possibilitam identificar o exato momento em que a exigência de respeito a esses direitos - como o direito à vida - surge é deveras perca de tempo discutirmos sobre tal ponto técnico. A vida é muito mais que uma simples transformação sequencial e complexa de células ou que uma simples analogia a esses fatos ressaltados, com a intenção de causar nas pessoas “grande polêmica”.
A vida é indescritível, em sua essência. Mas, ao contrário do que foi exposto, a medicina evoluiu a tal ponto que apresenta unanimidade no quesito à viabilidade de vida de um feto sem cerébro. Penso então, que não é necessário ser um médico para deduzir isso. Logo,concordo com a legalização do aborto nesses conformes. Há os que alegam casos excepcionais onde o dito ser prolonga-se em vida e supera as expectativas científicas,mas a estes respondo que a natureza sempre nos surpreende porém nunca infringe suas próprias leis, leis naturais estas que fazem um ser sem cérebro, uma vez ou outra, mudar as estatísticas mas nunca sobreviver por muito tempo. E essa sua breve sobrevivência traz aos que são diretamente ligados a ele um sofrimento do qual nem ao meu pior inimigo eu desejaria. Além do que,O Estado, formado em prol do indivíduo e da coletividade, é laico. Tem a razão humana em seu eixo. Logo argumentos religiosos deverão ser veementemente rechaçados se orem estrategicamente colocados para obstruir a discussão sobre o tema. Todo indivíduo possui liberdade sobre seu corpo, o que abrange o direito a não sofrer por uma infeliz má formação fetal.
A decisão está nas mãos, ou melhor, no ventre de quem carrega consigo esse erro genético. Não cabe a mais ninguém e muito menos a Órgãos que participam de uma organização estatal impedir algum ato. Existe os valores humanos, que acredito eu, não existir mais em uma sociedade tão vazia como a que vivemos. Afinal dizem que os direitos humanos foram feitos para humanos direitos. E de fato esse tipo de classificação não se encontra em nenhum aspecto do que a realidade condiz. Ora,analisemos: Seria assim melhor uma morte por ausência de um órgão essencial na parte de uma anatomia humana ou uma dor sofrida pela mãe da menina Isabella que é jogada de forma brusca da janela do apartamento pelo seu próprio pai? Maldade esta, que creio eu,ser muito mais dolorosa do que, previnir ou até mesmo conviver com a idéia de que, o que está dentro de você,não existe. E ainda dizem que temos jeito.
Toda polêmica em cima de um assunto que precisa ser resolvido com rapidez, e pra quê? Se a solução não depende deles? Enquanto em um “crime crucial” onde culpados são apenas colocados em “banho maria”, torna-se normal e taxado como clichês e até enquadrados em charges em um jornalzinho qualquer.Os laços que você cria, se desfazem de maneira fria e expectativas formadas se perdem em questão de segundos, quando se decide encarar,é assim.
Não adianta querer uma forma objetiva pra um análise que não se tem respostas. A justiça deve simplesmente deixar em aberto,afinal, o mundo não está entrando em extinção quando se trata de sentimento ou sensibilidade.
A consciência e o saber de até que ponto está os próprios limites de uma dor,vai de quem sente. Justiça e igreja não precisam “mais uma vez” se meter ou achar uma solução efêmera, afinal, a vida de um ser é mais que qualquer ordem judicial, que diante desse aspecto, não tem valor algum. É fácil, apenas não precisam agir e pôr em prática o livre arbítrio tão lutado. Afinal, não fazer nada para a mudança é o papel de muitos que dizem “estudar para um mundo melhor”, não é?
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